JNG INICIA PRIMEIRO PROJETO-PILOTO DE MORADIAS INDEPENDENTES PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS DO BRASIL
Rio de Janeiro, novembro de
2020. O
Instituto JNG comemora a formação dos primeiros grupos-pilotos de moradias
independentes com suporte individualizado para pessoas com deficiência. Dentre
mais de 30 inscritos, 16 famílias decidiram participar do projeto, sendo 17
jovens e adultos com idade entre 19 e 41 anos. São dois grupos-pilotos, sendo
12 famílias no Rio de Janeiro e 4 em São Paulo.
“É um marco e uma
conquista para a sociedade brasileira, porque o JNG olha para os jovens que se
beneficiaram da educação inclusiva, venceram barreiras e saíram da
invisibilidade, mas chegam à fase adulta e não podem escolher onde, como e com
quem vão morar.”, destaca Flavia Poppe, fundadora e diretora do
Instituto JNG.
O projeto-piloto de moradias
independentes terá três fases. A Fase 1 - Preparatória começou no início
do mês e segue até abril de 2021, enquanto os filhos(as) ainda moram com os
familiares. O objetivo principal é mapear a rotina e expectativas de toda a
família e, prioritariamente, ouvir os sonhos e desejos do futuro morador,
identificando suas habilidades e seu nível de autonomia. A partir daí, é
traçado um plano de suporte individualizado.
Durante esses seis meses, as
famílias também participam de reuniões e palestras, avaliam alternativas de
imóveis, modelo de sustentabilidade financeira e jurídica. Ao final desse
período, recebem um relatório técnico com avaliação da equipe de
especialistas sobre o nível de autonomia e habilidades do(a) futuro(a) morador(a) a serem desenvolvidas, para que ele ou ela possam viver de forma mais
independente possível, com os apoios que forem necessários e até três
alternativas de opções imobiliárias para locação.
No encerramento da Fase
Preparatória, as famílias decidem se seguem para a Fase 2 - Decisão e Formalização, de mudança de casa. A Fase 3 já é a
operação do dia a dia e engloba o
monitoramento de rotinas e a avaliação contínua dos programas de apoio e da
qualidade dos serviços, com métricas e indicadores.
TRANSIÇÃO
PARA A VIDA ADULTA
“É uma quebra de
paradigma. A moradia deve ser pensada como pedra angular da transição para a
vida adulta, com todos os desafios inerentes à saída de casa dos pais e da
construção de uma vida com autonomia e independência. “, frisa Flavia
Poppe.
No caso da pessoa com deficiência, esse desafio é ainda maior, principalmente porque ainda é um tema pouco discutido e permeado por nãos: não pode, não consegue, não quer, não sabe… A moradia é um dos pilares dessa transição, e na sua privacidade vai se estruturando, aos poucos, a nossa identidade, a nossa autonomia, nível independência, mas também nossas necessidades e nível de apoio. É importante que a pessoa com deficiência intelectual possa ter a perspectiva de sair da casa dos pais, assim como um trabalho/ocupação e uma vida social própria.
O Instituto JNG acredita que
qualquer pessoa pode ter sua própria casa, pode morar sozinha ou com alguém de
sua escolha, desde que tenha o suporte necessário para dar conta das tarefas
rotineiras. Esse apoio é dado por uma equipe de profissionais especializados,
levando em consideração as habilidades, necessidades e desejos de cada pessoa.
A equipe técnica do projeto-piloto é formada por um time de 5 profissionais
especializadas em pedagogia, psicologia e assistência social, recrutadas e
capacitadas para supervisionar o serviço de apoio de forma individualizada cada
participante.
A moradia não deve ser pensada como “fim de linha”, uma preocupação quando os pais morrerem, nem como obrigação ou sobrecarga para os irmãos e/ou familiares. Mas sim como um caminho natural, que pode ser trilhado com segurança e todo o apoio profissional necessário para que a pessoa com deficiência possa viver em seu próprio espaço, fazendo escolhas com autonomia e independência na sua rotina doméstica. “Imagina a felicidade de poder visitar a casa de sua filha com TEA, Síndrome de Down ou qualquer outro tipo de deficiência, almoçar com ela, conhecer a decoração de seu quarto, conversar sobre suas conquistas"” diz Flavia.
Sobre o Instituto JNG: J,N e G são as iniciais de
João, Nicolas e Gabriella, três jovens com deficiência intelectual que eram
amigos de escola. Suas mães compartilhavam preocupações e angústias sobre a
falta de perspectivas após o término da fase escolar. Para onde vão? Como
buscar capacitação? Vão trabalhar? Onde vão morar? A cada pergunta o horizonte
se fechava ainda mais. Assim, em 2010 decidiram fundar o Instituto JNG para
promover o debate sobre a vida adulta das pessoas com deficiência intelectual,
focando em um tema pouco abordado, por conta da sua complexidade: o direito à
moradia. E o que era um problema, hoje transformou-se numa solução.
Mais informações:
comunicacao@institutojng.org.br